quinta-feira, 26 de junho de 2008

Faded Memories

Acordei hoje como em todos os outros dias. Olhei pela janela e o céu nublado e o vento frio pediam pra eu continuar na cama, é melhor. Mas, no mesmo instante a porta do meu quarto se abriu e minha cadelinha pulou na cama e não tive outra alternativa, a não ser me levantar. Me levantei, peguei minha jaqueta de moletom, coloquei o capuz e fui para o banheiro. Me olhei no espelho e percebi que ainda estava de maquiagem. É, até parece que eu vou chegar tarde em casa e retirar a maquiagem, ainda mais com a água gelada, então prefiro dormir de maquiagem e envelhecer 10 anos. Enquanto eu me olhava no espelho, minha cabeça voava e me lembrava de pessoas, situações, sentimentos, cheiros e toques que nunca irão voltar e que eu nunca vou me esquecer. O que é mais interessante é que eu nunca deixo de citar tais momentos como os mais intensos e bonitos da minha vida. É incrível como as coisas mais maravilhosas acontecem quando você mais precisa! Eu sinto falta das pessoas que conviviam comigo, sinto falta das risadas mais escandalosas, das aulas chatas e das pessoas, mesmo insuportáveis, que estudavam comigo. Ainda ontem estive recordando do meu baile de formatura. As pessoas dançando e bebendo e eu sentada numa mesa olhando aquilo tudo e pensando se aquele momento iria acontecer alguma outra vez, se aqueles amigos ainda seriam amigos, mesmo depois do abraço e do choro que me fez chorar também enquanto tentava dizer "a gente nunca vai ser um estanho, mesmo longe, isso aqui vai ser pra sempre". O que aconteceu é que hoje, pessoas que disseram coisas tão lindas e que passaram mais da metade da sua vida até agora, te tratam, sim, como um estranho. Como dizem os mais velhos, vivendo e aprendendo. Hoje eu sei que de promessas o inferno tá cheio, e que não espero mais nada de ninguém. É melhor sermos secos e insensíveis do que nos apegarmos e depois, com uma simples barreira, sermos abandonados. Dessa época, só existe uma pessoa, sim, uma pessoa que eu continuo amando, intensamente, que eu ainda tenho contato e que eu sei que, mesmo daqui 30 anos, vou continuar amando. O mais interessante é que essa pessoa sempre morou longe, nunca ao menos ouvi a voz (quer dizer, "gravando, vai!" é algo, mas vocês entendem o que eu quero dizer) e ainda assim é a pessoa mais importante da minha vida. É claro que depois dele vieram muitos amigos, muitas pessoas, mas ele é especial. Sim, pensei isso tudo enquanto me olhava no espelho. Depois que escovei os dentes e lavei meu rosto, me lembrei que precisava de estudar. E então me vi entre livros e artigos de professores super graduados, olhei para o céu nublado de novo, e ,mesmo depois de todos os pensamentos ruins sobre a minha época, me deu vontade de voltar no tempo. Eu me tornei essa pessoa com sonhos que nunca serão realizados, que nunca faz o que tem vontade de fazer, que nunca tem ao menos coragem de enfrentar um problema. Ora, eu sei que o minha vida dos sonhos não é nada comum, mas seria a minha felicidade completa. Sabe aquele filme que você assiste onde tudo é tão perfeitinho, tão bonitinho e tão armadinho que chega até ser enjoativo? É, essa é a minha vida. Eu queria coisas novas, eu queria sair em um ônibus em turnê com uma banda que ninguém conhece, viver situações inusitadas, conhecer pessoas e culturas exóticas. Tenho certeza que assim eu iria viver intensamente e seria a pessoa mais realizada do mundo, mesmo sem uma faculdade, mesmo sem um emprego de R$10.000, mesmo sem toda essa idéia de sonho americano. Mas, fazer o que? Ainda estou aqui, em meio de livros e mais livros, ao lado, uma xícara de café (o que se tornou um vício no último ano, já que o cigarro já foi pro brejo) e uma idéia de ser uma cirurgiã. Aliás, hoje em dia a gente não vive sonhos, a gente, infelizmente, vive de idéias que outros inventam e impõem. E quem disse mesmo que a gente tem livre arbítrio? Não sei, eu não o tenho.

2 comentários:

André disse...

Eu sei de quem vc tá falando... :)

Juh disse...

claro que você sabe ^^